A tradução de Daniel Martineschen para a obra Divã ocidento-oriental, de Johann W. V. Goethe, foi premiada na categoria de melhor tradução
O Prêmio Jabuti anunciou, nesta quinta-feira (25), os vencedores de sua 63ª edição. O grande vencedor da categoria Tradução foi Daniel Martineschen para a obra Divã ocidento-oriental, do poeta alemão Johann W. V. Goethe.
A tradução do West-östlicher Divan, que produziu o Divã ocidento-oriental, foi objeto de doutorado do tradutor e pesquisador Daniel Martineschen. Esta tradução é a primeira vez em que a íntegra da poesia (na obra em versão bilíngue) e da prosa que compõem a obra aparecem conjuntamente em português.
Em agosto de 2019, Martineschen escreveu o artigo O Brasil no Divã, onde fala sobre a obra de Goethe e a contempla pelo prisma da relação com uma literatura/cultura estrangeira. Há também uma discussão sobre os aspectos relativos à gênese, autoria, recepção e tradução da obra, num mesmo movimento em que tece uma crítica à forma com que Goethe se apropria de uma imagem do poeta persa Hafez e reflete sobre a realização da tipologia tradutória proposta no Divã. Por fim, convida o leitor a refletir a respeito da identidade nacional brasileira a partir do que chama de "estrangeiro transplantado".
Daniel também escreveu para o Blog da Estação Liberdade contando um pouco sobre o processo de tradução e sua ligação com Goethe.
"A tradução do West-östlicher Divan, que produziu o Divã ocidento-oriental, foi um trabalho de anos e que teve altos e baixos, assim como a própria escrita do Divan. Se a um primeiro olhar o livro parece difícil, insuperável, intraduzível -- ou, como disse o comentador Birus, "um livro sob sete selos" --, à medida que a leitura avança e aproveitamos as pistas que os poemas nos dão, a decifração se torna fácil. É lógico que a fortuna crítica em torno do Divã, existente desde pelo menos o início do século XX, torna a compreensão das cifras dessa poesia muito menos penosa. Assim, tendo acesso aos muitos trabalhos que falam sobre o Divã -- em especial os comentários de Hendrik Birus e os livros de Katharina Mommsen -- a compreensão dos significantes e dos significados dos poemas não foi complicada." Leia o texto completo.
É com muito orgulho que toda a equipe da Editora Estação Liberdade parabeniza Daniel Martineschen pelo prêmio de melhor Tradução.
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Um pouco sobre a obra:
Divã ocidento-oriental é o resultado do movimento de Goethe em direção ao Oriente, "de onde há milênios têm chegado a nós tantas coisas grandiosas, boas e belas". Este desejo teve sua gênese no encontro do poeta alemão com o Diwan -- "coletânea", "ciclo" -- do persa Hafez. Reunindo mais de 500 gazéis (poemas curtos e líricos, de temática mística ou amorosa), o Diwan de Hafez circulava pelo Oriente desde o século XIV.
Quando a primeira tradução integral deste conjunto chega a Goethe, ele é arrebatado por sua leitura e tomado de uma necessidade de responder produtivamente à "poderosa aparição" de Hafez, a quem Goethe passou a considerar um "gêmeo". O alemão, então com 64 anos, decide renovar-se como criador e empreender sua viagem literária rumo ao Oriente. Por meio de leituras, pesquisas e traduções, o poeta se transplanta ao antigo mundo das Mil e uma noites, às civilizações dos livros sagrados e suas tradições poéticas. O Divã ocidento-oriental é o relato dessa imersão.
Daniel Martineschen também assina um posfácio que conta mais sobre a escrita do Divã por Goethe, a história das traduções da obra, e a história da presente tradução.
Divã ocidento-oriental Formato: 16x23cm Páginas: 448 ISBN: 978-85-7448-307-8 Texto de orelha: Marcus Mazzari Edição bilíngue Tradução, notas e posfácio: Daniel Martineschen
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