CONTOS DA PALMA DA MÃO
A narrativa curta — ou mesmo brevíssima — de Yasunari Kawabata já se consolidou como um clássico do gênero. O autor atinge nestes Contos da palma da mão um grau de virtuosismo por muitos aclamado. Para isso, ele amplia com precisão microscópica o tradicional pendor japonês por pureza e delicadeza.
Sobressai, na confluência de forma e conteúdo, um despojamento minimalista que deixa nus e crus sentimentos e sensações, convergindo ora para toques de surrealismo, ora para leituras do subconsciente à maneira psicanalítica, características do movimento shinkankakuha ou neo-sensorialismo, de que o autor fazia parte. Entre muitos outros temas, especialmente prazerosos são os que põem em cena o bairro de Asakusa em Tóquio, com seu amálgama de teatros, cabarés musicais (com grande presença tanto do jazz quanto de formas teatrais japonesas clássicas) e casas de deleites carnais. A tradutora Meiko Shimon, que se especializou na obra do autor e se dedicou longamente ao estudo destes contos, manteve aqui uma criteriosa fidelidade ao mestre japonês. Quando necessário, foram inseridas notas, que um glossário complementa.
A atual seleção abrange 122 contos, que Kawabata considerava, nos seus anos tardios, seus “contos que cabem na palma da mão”, e dos quais dizia com a candura que era de seu feitio: “ [...] Vive neles o espírito poético de meus dias jovens.”
YASUNARI KAWABATA Prêmio Nobel de 1968, Yasunari Kawabata é considerado um dos representantes máximos da literatura japonesa do século XX. Nasceu em Osaka, em 1899. Após uma infância solitária e sofrida, interessou-se cedo pelos clássicos japoneses, que viriam a ser uma de suas grandes inspirações. Kawabata estudou literatura na Universidade Imperial de Tóquio e foi um dos fundadores da Bungei Jidai, revista literária influenciada pelo movimento modernista ocidental. Acompanhado de jovens escritores, defenderia mais tarde os ideais da corrente neossensorialista (shinkankakuha), que visava uma revolução nas letras japonesas e uma nova estética literária, deixando de lado o realismo em voga no Japão em prol de uma escrita lírica, impressionista, atravessada por imagens nada convencionais. Ao contrastar o ritmo harmônico da natureza e o turbilhão da avalanche sensorial, Kawabata forjou insólitas associações e metáforas táteis, visuais e auditivas que surpreendem diante do cotidiano, numa composição com tons levemente surreais de elementos de cultura e filosofia do Oriente, personagens acuados e cenários inóspitos. Sua obsessão pelo mundo feminino, sexualidade humana e o tema da morte (presente em sua vida desde cedo, sob a forma da perda sucessiva de todos os seus familiares) renderam-lhe antológicas descrições de encontros sensuais, com toques de fantasia, rememoração, inefabilidade do desejo e tragédia pessoal. Desgastado por excesso de compromissos, doente e deprimido, Kawabata suicidou-se em 1972. |
Livro | |
Tradutor | Meiko Shimon |
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Formato | 14x21cm |
Páginas | 496 |
ISBN | 978-85-744-8137-1 |