As três novelas do volume, cada qual a seu modo, tocam em dois temas caros a Yoko Ogawa: memória e ausência.
Em A piscina, a jovem Aya precisa lidar com o amadurecimento que a deixa entre a lembrança de um passado mais simples, que fica para trás, e o vislumbre de um futuro complexo, difícil e sofrido. Amadurecer será para ela conciliar os novos sentimentos e uma época em que “não conhecia a tristeza nem a dor no coração”.
Diário de gravidez, é narrada mesmo em forma de diário pela irmã da grávida. Yoko Ogawa usa a força da sugestão para gerar algo que a um só tempo existe e não existe — uma versão literária do gato de Schrödinger, por assim dizer. Várias entradas do diário descrevem uma gravidez que parece um delírio. Mas, se é mesmo o caso, quem será que delira: a narradora, a irmã ou os leitores?
Em Dormitório, uma mulher retorna ao dormitório universitário em que viveu durante os tempos de estudante, nos arredores de Tóquio. O local, administrado por um estranho professor, aos poucos se deteriora e deixa de ser como a mulher recorda. Seu retorno é como o de alguém que vai à periferia de uma mente e lá encontra memórias que aos poucos desaparecem ou se transformam.
Sejam abelhas saindo de uma das milhares de aberturas de uma colmeia e entrando em outra, seja a água em muitas de suas direções — para cima com os respingos de um mergulho ou para baixo com uma chuva torrencial —, as imagens poéticas de Yoko Ogawa para representar a fluidez permitem que o ausente seja também presente e a memória, imaginação.
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SOBRE A AUTORA
Yoko Ogawa nasceu em Okayama, Japão, em 1962. Sua vocação leitora foi despertada precocemente por clássicos infantis, graças a um sistema de assinatura de livros de que a família dispunha. Gosta de citar O diário de Anne Frank como uma referência decisiva para perceber a escrita como via possível e necessária de autoexpressão. Estudou escrita criativa e publicou diversos livros, entre ficção e não ficção. Vive atualmente em Nishinomiya, província de Hyogo — nas proximidades de Kyoto.
Arrebatou todos os prêmios referenciais do meio literário japonês. No Brasil, a autora publicou O museu do silêncio (2016); A fórmula preferida do Professor (2017), obra que foi vertida para o cinema pelo diretor Takashi Koizumi, ex-assistente de Akira Kurosawa; A polícia da memória (2021), cuja tradução para o inglês foi finalista do International Booker Prize; e Piscina, A; Diário de gravidez; Dormitório: três novelas (2023). Todos os títulos foram publicados pela Estação Liberdade.
Livro | |
Tradutor | Eunice Suenaga |
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Formato | 14x21cm |
Páginas | 168 |
ISBN | 978-65-86068-76-4 |