O PRIMEIRO DIA DO ANO DA PESTE


Nossa contribuição para que não se diga que não há renovação no cenário da ficção brasileira. Francisco Maciel não chove no molhado, surpreende pela criatividade e domina muito bem sua técnica narrativa ao nos fazer percorrer a trilha de manuscritos encontrados de um autor desaparecido. Estes mostram sua loucura progressiva, passo a passo e de texto em texto, até a desintegração final.

Ler Maciel faz bem para a cabeça. E para nós é um prazer especial tê-lo descoberto pelo acaso das circunstâncias numa precária pensão do Estácio, no Rio.

“Este livro já estava escrito. Caso seu autor tivesse sobrevivido à peste, à loucura, à razão, ao preconceito, ao eu, ao tempo, ao país, com certeza lhe teria dado uma outra organização, um outro cosmo, um caos exato. Nem sei se ele continua vivo, o autor. Se continua, não terá condições de opinar. (...) 

“São fragmentos de um homem, e desses fragmentos que consegui juntar nasceu este romance. Concluo que toda vida fracassada é um romance. E a vida de Aloísio Cesário foi um retumbante fracasso. Mas ainda falta o último ato, a última cena, a palavra final. A única chance de vitória que ele tem é a de encontrar um leitor que partilhe sua solidão, que o alivie das ações sem sentido, que o faça renascer dos atos inaptos, dos deslocamentos e dos deslizes, das condensações e dos lapsos, que o interne por algumas horas em sua parasita alma solidária. Só assim ele, o escritor, poderá provar um pouco da verdadeira vida. É o seu direito autoral.” [pág. 11]





FRANCISCO MACIEL



FRANCISCO MACIEL nasceu em São Gonçalo, Rio de Janeiro, em 1950. Começou a frequentar a escola aos seis anos de idade, para escapar dos trabalhos braçais que já fazia. Através de concurso, conseguiu ingressar num colégio de elite de Niterói no segundo grau. Na faculdade, começou a cursar jornalismo, mas desistiu no meio do caminho por se sentir “tolo demais e despreparado para a vida”. Pegou a mochila e rodou de carona pelo Brasil e outros lugares da América do Sul. Foi escritor precoce: desde os dez anos, escreve de forma obcecada e diligente. Em 1997, venceu o Prêmio Julia Mann de Literatura, promovido pelo Goethe Institut, e cujo conto “Entre dois mundos” batizou a coletânea com todos os textos vencedores publicada em 2001 pela Estação Liberdade – que também editou o primeiro romance dele, O primeiro dia do ano da peste, no mesmo ano. Em 1998, teve um texto seu, Morto de paixão na Avenida Brasil, levado ao teatro por Domingos de Oliveira. Casado, Maciel vive hoje em São Gonçalo, para onde voltou após o “exílio” no Estácio.        


                                                                                                   




Livro
Formato 14x21cm
Páginas 184
ISBN 978-85-7448-039-8

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