TSUGUMI



Deixar para trás o lugar onde se viveu durante toda a vida não é fácil. Podemos abandonar nossa terra natal, mas a terra natal nunca sai de nós. É esse o sentimento que vem experimentando Maria Shirakawa, a personagem-narradora deste Tsugumi. Recém-instalada em Tóquio para iniciar a vida universitária, Maria ainda não se desconectou por completo da paradisíaca cidade litorânea na península de Izu, onde, desde pequena, crescera na companhia das primas Yoko e Tsugumi. 

Dona de beleza hipnótica, Tsugumi padece de uma doença crônica, que a mantém em permanente risco de vida. A saúde debilitada, no entanto, não inibe uma personalidade despótica e cruel: a delicadeza é algo que passa longe de seu repertório de virtudes. Para conviver com Tsugumi, doses cavalares de paciência e resignação são recomendáveis — Maria Shirakawa que o diga, bem como quem mais se colocar em seu caminho. O relacionamento ao mesmo tempo afável e tortuoso entre as primas será testado nas próximas férias de verão, quando Maria aceita o convite de Tsugumi para voltar à cidade natal a fim de passarem uma última estada juntas. Ali, muito além de matar saudades da maresia e das caminhadas na areia com o cão Poti, Maria viverá dias incríveis. 

O tom de leve melancolia que percorre toda a trama é potencializado, ao mesmo tempo, pela ideia de despedida vivenciada por Maria e pela saúde frágil de Tsugumi. Combinado a tudo isso, os pequenos dramas e aventuras com os quais as personagens têm de lidar – notadamente, a reconciliação dos pais de Maria, que não viviam juntos, e a descoberta do amor por parte de Tsugumi – pintam um belo retrato da juventude japonesa. Depois daquele verão, nada será como antes. Com esta história intimista e de tons tragicômicos, a autora radiografa ao mesmo tempo a passagem da adolescência à idade adulta das primas-protagonistas e nuances da vida familiar no Japão contemporâneo. A obra rendeu à autora, em 1989 — ano de publicação da edição japonesa —, o Yamamoto Shugoro, prêmio literário local concedido anualmente a livros que se destaquem como exemplos de arte narrativa.


LEIA UM TRECHO DA OBRA    


 BANANA YOSHIMOTO


Banana Yoshimoto, cujo nome de batismo é Mahoko Yoshimoto, nasceu em Tóquio, em 24 de julho de 1964, filha do poeta e famoso intelectual Takaaki Yoshimoto (1924-2012). Formada em literatura pela Universidade Nihon, foi muito bem recebida pela crítica por sua obra de estreia, Kitchen, publicada em 1988, quando ainda era estudante universitária. Kitchen lhe rendeu o prêmio literário Izumi Kyoka.

Tendo começado a escrever de forma bastante prematura, aos cinco anos de idade, ela adotou o pseudônimo “Banana” pelo apreço que tem por flores de bananeira. Seus livros já foram traduzidos para mais de vinte idiomas. O tema da morte e a preferência por protagonistas mulheres são algumas das marcas mais evidentes na escrita da autora, cujos personagens nunca caem nos lugares-comuns: ao contrário, são sempre excêntricos. De Yoshimoto, a Estação Liberdade publicou também Doce amanhã (2023).

                                                                                                 



Livro
Tradutor Lica Hashimoto
Formato 14x21x1cm
Páginas 184
ISBN 978-85-744-256-9

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