
Bel-Ami Autor: Guy de Maupassant Número de páginas: 368 ISBN: 978-85-7448-185-2 Livreiros e distribuidores |
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Guy
de Maupassant nos deixou cerca de 300 contos. Pérolas como Bola de sebo
(1880), além de sua aclamada produção de contos fantásticos, a exemplo de O
Horla (1887), fizeram com que seu nome figurasse no panteão dos mestres da
narrativa curta. Publicou, no entanto, seis romances, dentre os quais se
destaca este Bel-Ami (1885), sobre o qual o autor afirmou a um confidente:
“Espero que ele satisfaça aqueles que me cobram algo mais extenso.” Maupassant,
que recebera forte influência de seu mentor Flaubert, não apenas alcançou seu
intento como também inscreveu seu nome, ao lado de seus pares Zola e
Turguêniev, na história do grande romance realista e naturalista do século
XIX. O
cenário é a Paris da belle époque. A Paris das garçon nières, dos encontros
sorrateiros e passeios em fiacre pelas noites que terminavam nos salões
efervescentes da metrópole francesa à época do colonialismo. Uma cidade de
oportunidades onde o jovem Georges Duroy, recém-chegado da campanha dos
hussardos na Argélia, buscará seu lugar ao sol. Por intermédio de seu
ex-companheiro de exército, Forestier, ele ingressará no jornal La Vie
Française, mesmo sem qualquer experiência com a escrita, e ali lançará mão de
sua beleza e de seu irresistível charme junto às mulheres para galgar, degrau
a degrau, a escada do poder. O autor conduz seu charmoso personagem por uma
trilha de blefes, chantagens, encontros amorosos furtivos. Enquanto Duroy vai
desvendando, com a ajuda de suas amantes, os arcanos do jornalismo e as
ligações que seu novo ofício estabelecia com as altas esferas de poder — não
encontraria sua esposa nos braços de um ministro? —, o leitor assiste à
pintura impiedosa de uma outra Paris, oculta sob o glamour dos salões, onde o
tráfico de influências impera e coaduna imprensa, política e poder
financeiro. Maupassant, que era influenciado também por Schopenhauer, deixa
transparecer no romance todo o pessimismo que foi tendência na literatura da
época, sobretudo na naturalista, e não aponta redenção para seu (anti) herói. Não
há castigo divino, não há a mão pesada da moral a conter o personagem ou a
convertê-lo em exemplo edificante. Charles Duroy é a encarnação do erotismo,
um erotismo de bigode, de olhos azuis, que enleia sobretudo as mulheres e não
conhece escrúpulos. Um arrivista? Um dândi inconsequente? Para François
Mauriac, na essência Duroy é um homem de uma “ignóbil ingenuidade”. Talvez
uma mescla de tudo isso, nosso protagonista trafega com desenvoltura, seja
nas Folies Bergère, seja nos Champs-Elysées, mais próximos do que se poderia
supor.
Henry René Albert
Guy de Maupassant nasceu
em 5 de agosto de 1850, no castelo de Miromesnil, próximo a
Tourville-sur-Arques, filho de Gustave de Maupassant e Laure Le Poittevin
(amiga de Gustave Flaubert, que influenciaria sobre maneira a obra de
Maupassant). Em 1861, Laure e Gustave separam-se oficialmente. Com a ausência
do pai, a figura materna passa a ter grande influência na vida de Guy de
Maupassant, que aos treze anos é enviado a um seminário para iniciar os
estudos clássicos. Posteriormente é expulso por compor “versos lascivos”.
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