ENSAIO SOBRE A JUKEBOX 



Eis um trabalho em que Handke foge completamente de qualquer cronologia linear e de processos de narrativa convencionais, compondo sucessivamente, ensaio após ensaio, uma metafísica da escrita que deságua na muito perspicaz leitura de uma realidade que se torna irreal de tão premeditadamente elaborada.

Toda a composição da jukebox enquanto falso protagonista serve como biombo para destrinchar a poética handkeana do cotidiano. O encontro entre Handke e a jukebox representa uma metáfora para a impossibilidade de abraçar a realidade. O saudoso aparelho surge então como um navio encalhado que nunca serve a quem Handke quer que ele se destine. Por personagem interposto, o autor rege a ópera a partir de uma enxuta escrivaninha (com as únicas ferramentas que são papel e lápis) no quarto de hotel da pequena cidade-refúgio no interior da Castela espanhola. O embate entre a jukebox e a escrivaninha acaba sendo o real enredo deste ensaio em que Handke abre a caixa de Pandora de sua escrita.


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PETER HANDKE


Peter Handke, nascido em 1942, é austríaco de mãe eslovena, e vive hoje em Chaville, nos arredores de Paris. Está entre os mais importantes escritores e dramaturgos de língua alemã. Recria sem cessar sua escrita e se recoloca sempre como autor.

Handke publicou dezenas de obras, entre elas várias que marcaram época, como a peça Kaspar (1968), as novelas ensaísticas como Tarde de um escritor (1987), a série de Ensaios e os romances A mulher canhota (1976), Numa noite escura, deixei minha casa silenciosa (1997) e A noite moraviana (2008). Com Wim Wenders, assinou os roteiros de O medo do goleiro ante o pênalti (1972) e Asas do desejo (1987). Dirigiu ele mesmo uma versão cinematográfica de A mulher canhota. Em 2019, foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura. Dele, esta editora publicou Don Juan (narrado por ele mesmo), em 2007, A perda da imagem ou Através da Sierra de Gredos, em 2009, Ensaio sobre a jukebox e Ensaio sobre o louco por cogumelos, ambos em 2019, e, em 2020, Ensaio sobre o dia exitoso e Ensaio sobre o cansaço. Em 2023, será publicado o basilar Meu ano na baía de ninguém.