CINEMA DE NOVO - UM BALANÇO CRÍTICO DA RETOMADA
O cinema nacional foi dado como morto no começo da década de 1990. Mas, como aconteceu outras vezes em sua história, ele renasceu e sobreviveu. Ao longo desses anos, a nova produção brasileira cresceu, afirmou-se e atingiu certa estabilidade. A esse processo laborioso – por vezes tenso e dolorido – deu-se o nome de “retomada do cinema nacional”.
Cinema de Novo: um balanço crítico da Retomada busca apresentar uma primeira visão analítica de um processo que desaguou em obras tão marcantes quanto Terra estrangeira, Sábado, O invasor e Cidade de Deus, para citar apenas alguns.
No texto, o autor discute as tendências desta novíssima cinematografia que nasce da carência e das cinzas de um momento negro de nossa história recente, e se afirma com teimosia. Constata que, dentro da diversidade apontada como marca da produção contemporânea, algumas linhas de força comuns se esboçam. Tão diferentes entre si, esses filmes discutem a relação do país com a sua história e com a recorrente questão da identidade nacional. Como muito bem diz Ismail Xavier em seu prefácio, “a tônica do livro é articular o que de heterogêneo se intercepta na prática do cinema, e o autor assume de forma sistemática uma premissa dialógica, de comparação, definição recíproca dos termos, na condução da crítica”. Impossível não pôr em cena as dificuldades do presente, como o abismo entre as classes sociais e os crescentes desafios colocados pela violência urbana. Os cineastas da Retomada revisitam cenários preferenciais como o sertão e a favela, dialogam forçosamente com o Cinema Novo, debruçam-se sobre as difíceis relações amorosas num país de rápidas mutações urbanas.
É portanto um cinema que não fecha os olhos para os desconfortáveis impasses do país, nem para os seus próprios impasses. Aliás, uns se relacionam com os outros e o destaque dessa inter-relação compõe o eixo preferencial do livro. O autor prefere pensar o cinema não como arte etérea, confinada a uma hipotética torre de marfim, mas imerso na prática social, com todas suas contradições e impurezas.
LUIZ FERNANDO ZANIN ORICCHIO Luiz Fernando Zanin Oricchio é crítico de cinema e editor do suplemento “Cultura” do jornal O Estado de S. Paulo. Estudou filosofia e psicologia na Universidade de São Paulo. Colaborou e teve artigos publicados em diversos jornais e revistas, como o caderno “Idéias” do Jornal do Brasil, as revistas Cinema, Imagens, Cultura Vozes, entre outras. Cobriu como repórter especializado diversos festivais de cinema no Brasil e no mundo, atividade que continua exercendo. Fez parte de júris em festivais e em concursos de roteiros, como os da Secretaria e Cultura do Estado e da Petrobrás. |
Livro | |
Formato | 16 x 23 |
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Páginas | 256 |