Yukio Mishima, nome de grande importância para a literatura japonesa, com uma extensa obra publicada, e alguns inéditos no Brasil, traz ao leitor, em Vida à venda, uma viagem ácida e divertida sobre o valor da vida.  Ou, mais do que isso, sobre a vida e a morte à margem dos dias e do desencantamento.

2020 marca o cinquentenário da morte de Mishima, e é a morte, tema constante na obra do autor, que aparece em Vida à venda como um acinzentar da alma, sem que seja, necessariamente, um pesar. 
Rilke escreveu que o homem moderno não pode morrer de forma romântica. E é assim que Hanio Yamada, um desiludido publicitário, e personagem principal desse romance, entende o seu desejo de morrer. De atravessar o presente.

De forma pragmática, após uma frustrada tentativa de suicídio, Hanio anuncia a escolha de vender a própria vida, para que assim alguém possa direcioná-la a uma melhor forma de finitude, ou que possa, na verdade, subverter o tédio. 

“Vendo minha vida. Use-a como quiser. Homem de 27 anos. Garanto sigilo. Tranquilidade absoluta.” 

Entre Hanio e o leitor se estabelece uma relação de proximidade, cumplicidade, busca pelos caminhos da alma, e pelos sentimentos humanos. Viagem que se desencadeia ora sombria, ora irreverente. É no emaranhado de tentativas de vendas, que se torna um grande negócio, que descobrimos uma ideia cheia de possibilidades – e uma sucessão de personagens que beiram o fantástico. 

O desenrolar dessa aventura tem como traço a ácida narrativa de Mishima, numa obra de forte irreverência, que prende o leitor até o último momento; misturando humor, profundidade, sexualidade, paixão e críticas à sociedade e aos costumes nela estabelecidos. 

Um dos últimos livros de Mishima, Vida à venda, foi publicado originalmente na revista Playboy do Japão, entre maio e outubro de 1968. Foi com o relançamento japonês, em 2015, que se tornou um best-seller, chegando a ser adaptado para uma série televisiva em dez episódios. 





SOBRE O AUTOR


Yukio Mishima, nascido Kimitake Hiraoka em Tóquio em 1925, estreou na literatura aos dezenove anos. Somente anos mais tarde, com Confissões de uma máscara (1949) e Cores proibidas (1951), firma-se como o grande talento artístico de sua geração. Mesclando influências ocidentais e orientais, explorando tabus temáticos, como a homossexualidade e o culto ao corpo masculino, e produzindo excessivamente, a arte é, para Mishima, indissociável de suas ações. 

Cada vez mais crítico da ocidentalização do país no pós-guerra, ele leva seu nacionalismo ao extremo em 1970. À frente de seu grupo paramilitar Tate no kai, invade um quartel do exército japonês em Tóquio buscando incitar um golpe de Estado que devolveria os poderes divinos ao Imperador. Sem obter a acolhida esperada, termina seu discurso e comete seppuku, tradicional suicídio ritualístico samurai, deixando perplexos seus milhões de leitores no Japão e no mundo.

Pela Estação Liberdade, o autor teve publicados Kawabata-Mishima: Correspondência 1945-1970 (2019), que traz as cartas trocadas entre ele e seu conterrâneo e Prêmio Nobel Yasunari Kawabata; o romance O marinheiro que perdeu as graças do mar (2022); e A escola da carne (2023).




Livro
Tradutor Shintaro Hayashi
Formato 14x21cm
Páginas 256
ISBN 978-85-7448-314-6

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