A QUESTÃO HUMANA 

Simon, psicólogo da filial francesa de uma empresa alemã, recebe a tarefa de investigar a sanidade mental do diretor-geral da filial, Mathias Jüst. Atribuída por Karl Rose, um outro diretor, a missão — que aparentava ser o reflexo de uma guerra particular entre poderes empresariais — é aceita pelo psicólogo num misto de relutância e curiosidade, e suas implicações morais acabam por dominá-lo, desestabilizando sua existência.

Uma rede de intrigas se desvenda aos olhos de Simon por meio de misteriosas cartas anônimas e das tensas ligações entre os integrantes do extinto quarteto de cordas da empresa SC Farb. As mulheres da trama, Lynn Sanderson, secretária de Jüst, e a esposa deste, Lucy, são apenas peças deprimidas sob o jugo das condições de homens atormentados por seu passado de delitos e traumas, ocasionados pela “solução final” do nacional-socialismo alemão.

Assim, esta breve e intensa ficção com base em documentos reais adquire, ao lado do suspense investigativo, a virtude e a profundidade de narrativa psicológica ao caminhar pelos meandros da consciência de personas dilaceradas e aludir à música como metáfora do domínio e da loucura, tendo como pano de fundo determinados eventos do Holocausto e, por extensão, a “questão humana”, cuja importância, lembra Jüst, não pode ser ignorada.

Levado às telas do cinema pelo diretor francês Nicolas Klotz, em 2007, A questão humana compõe, em última instância, um libelo desmascarador da intolerância, da lógica opressora do aparentemente mais forte contra o mais fraco; um relato sutil de um homem sitiado que, enfim, se desvencilha de um mundo sombrio de cujos ideais descobre não mais compartilhar, para então se colocar no limite entre a realidade e o desapego.


SOBRE A COLEÇÃO LATITUDE

Nossa intenção é dupla: abrir uma janela atualizada e dinâmica, dentro do enfoque multicultural que norteia a Estação Liberdade, para o que há de melhor na literatura dos diversos países e regiões que contribuíram para o florescimento desta importante língua literária e, ao mesmo tempo, oferecer um espaço para autores, obras e editoras nem sempre contempladas pela lógica do mercado, seja dentro ou fora do Brasil. A coleção conta com o apoio dos Ministérios das Relações Exteriores da França, da Suíça e do Canadá para alguns títulos.

                                                                                                   


FRANÇOIS EMMANUEL

François Emmanuel nasceu em Fleurus, Bélgica, em 3 de setembro de 1952. Depois de estudar medicina, escreveu poesia e trabalhou como diretor de teatro. Passou um tempo no Théâtre Laboratoire com Jerzy Grotowski, o que seria determinante para sua formação de autor. Entre romances, peças de teatro e antologias de contos e de poemas, publicou 21 obras, começando por Retour à Satyah em 1989. Destacam-se ainda os romances La Passion Savinsen (1998), La Chambre voisine (2001), Bleu de Fuite (2005) e Jours de tremblement (2010). O autor gosta de diferenciar suas obras como “de verão” ou “de inverno”, conforme sua tônica mais leve ou mais grave. La Question humaine, de apurada técnica narrativa e seguramente fazendo parte das obras “de inverno”, foi traduzido para onze línguas. A atividade literária de Emmanuel traz as marcas de sua profissão de psicoterapeuta.



Livro
Tradutor Marina Appenzeller
Formato 14x21x1cm
Páginas 88
ISBN 978-85-7448-057-2

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