OS ELIXIRES DO DIABO
A Estação Liberdade publica Os elixires do Diabo, seu terceiro livro de E.T.A. Hoffmann, alemão que influenciou Dostoiévski e Edgar Allan Poe.
O monge capuchinho Medardo, narrador para lá de carismático, revela aos leitores como foi que se envolveu num mistério contra a sua vontade. Após tomar um gole de um vinho suspeito, ele deixa o mosteiro em que vive, abandona o hábito e vai a Roma.
Na jornada, uma espécie de busca pela própria identidade que não cessa de fragmentar-se, Medardo se depara com uma série de figuras curiosas, desde aristocratas, passando por um excêntrico peruqueiro, até o Diabo em pessoa, segundo ele. Confronta-se também com seu duplo em algumas ocasiões, e a ambiguidade dos personagens assume contornos literários que dão à história, já muito intrigante, nova camada de complexidade narrativa que atrai ainda mais ao desfecho.
O tema do duplo foi explorado por muitos autores, como os clássicos Dostoiévski em seu romance O duplo e Edgar Allan Poe em seu conto “William Wilson”, que comprovadamente leram Hoffmann.
Os elementos fantástico, gótico e detetivesco estão todos em Os elixires do Diabo, também. Características do Romantismo, período a que essa obra se vincula, aparecem em abundância, como na personagem feminina Aurélia, elevada ao status de santa e salvadora; e na presença constante da figura diabólica, mefistofélica, o que em parte, aliás, aproxima a obra ao Fausto de Goethe, autor contemporâneo a Hoffmann.
Os elixires do Diabo comporta muito. Estejam seus constituintes em plena excelência de forma ou em moldes embrionários, fato é que a força da realidade entra em contato com o poder da imaginação, o terreno liga-se ao excelso, e o resultado é uma polifonia que representa a vida como só os clássicos conseguem-na representar. Livro para ler, reler e colocar na lista de livros favoritos de nossos autores prediletos.
Leia um trecho da obra
E.T.A HOFFMANN Ernst Theodor Wilhelm Hoffmann nasceu em Königsberg, na Prússia Oriental, em 1776. Desenvolveu carreira como jurista, atuando em tribunais de apelação em Berlim e em Varsóvia. Mas desde cedo já demonstrava inclinação para as artes, como pintura, teatro e, sobretudo, música clássica (era admirador de Mozart, de quem adotou o nome Amadeus em substituição a Wilhelm), passando a dedicar-se a tais paixões de modo integral a partir de 1808. Foi homenageado por Jacques Offenbach com a ópera Os contos de Hoffmann, baseado em três histórias do autor. De saúde permanentemente frágil, agravada pelo abuso de álcool, ele seguiu produzindo até o fim da vida, inclusive ditando a um escriba quando sua condição motora já estava comprometida por uma paralisia progressiva que se mostraria fatal. Faleceu de forma precoce em 25 de junho de 1822, aos quarenta e seis anos de idade. Por esta casa, tem publicados o romance Reflexões do gato Murr (2013) e a coletânea O reflexo perdido e outros contos insensatos (2017). |
Livro | |
Tradutor | Tradução, prefácio e notas: Maria Aparecida Barbosa | Texto de orelha: Sabrina Sedlmayer |
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Formato | 14x21cm |
Páginas | 368 |
ISBN | 978-65-86068-62-7 |