Outubro, mês do Nobel. O de Literatura é sempre na quinta-feira; na maioria das vezes é na primeira do mês, em alguns casos raros na segunda ou até mesmo na terceira quinta-feira. Mas não importa: quando chega a hora, além de decidir as apostas e matar a ansiedade dos palpiteiros, o anúncio do prêmio esquenta o mercado editorial, e podemos ver a diversidade tomando conta.
Este ano, o prêmio será anunciado no próximo dia 6, a partir das 8h do horário de Brasília, e as listas de apostas, como a do NicerOdds e do LitHub, incluem gigantes literários de todo o mundo.
Um pulo no Japão
Entre os autores asiáticos elencados neste ano, está o japonês Haruki Murakami, um nome conhecido na lista. Sua obra, composta por romances, contos, traduções e ensaios, é internacionalmente conhecida. Murakami fez parte do nosso catálogo por um tempo, tivemos a honra de introduzi-lo no Brasil. Agora já não é mais autor da casa – uma boa história para uma outra hora.
Do Japão para França
Também em alta cotação nos rankings, Pierre Michon faz uma entrada notável. Com sua voz original e uma literatura de primeira, Michon recebeu em 1984 o Prêmio France Culture para Vidas Minúsculas; em 1996 o Prêmio da Cidade de Paris pelo conjunto de sua obra; em 2009 o Grand Prix du Roman da Academia Francesa; e em 2019 recebeu o Prêmio Franz Kafka. A indicação ao Nobel era só questão de tempo.
Vidas minúsculas, o primeiro romance do autor publicado em 1984, foi aclamado pela crítica e traduzido para diversas línguas, tornando-se um clássico contemporâneo das letras francesas. Em 2004, Pierre Michon fez sua estreia no Brasil com grande estilo: foi convidado a lançar esse seu livro durante a FLIP, a Festa Literária Internacional de Paraty, participando de eventos também no Consulado Geral da França no Rio de Janeiro.
Vidas minúsculas integra o nosso catálogo de literatura francesa como parte da coleção “Latitude” uma seleção do que há de melhor na ficção contemporânea dos países e regiões de língua francesa.
Literatura Russa
Liudmila Ulítskaia é outro nome familiar entre os apostadores. Considerada hoje uma das maiores prosadoras russas em atividade, vencedora do Prêmio Simone de Beauvoir, do Russian Booker Prize e recorrentemente cotada para o Nobel de Literatura, este ano Ulítskaia continua como uma das mais cotadas.
A autora faz sua estreia em nosso catálogo com um dos seus livros mais importantes: A escada de Jacó. Um romance de fôlego, com mais de quinhentas páginas. Alternando entre cartas e diários do personagem Iákov (ou Jacó), escritos no início do século XX em Kiev, e as experiências de sua neta Nora no teatro dos anos 1970 em diante, A escada de Jacó percorre cerca de cem anos da história conturbada entre Rússia e Ucrânia, sugerindo interessantes paralelos com os eventos recentes. Vai desde os anos prévios à Revolução Russa, passando pelo período sombrio de Stálin no poder, até a corrupção e a confu são dos últimos anos, sendo uma obra de amor, traição, memória. Com a força digna dos grandes escritores russos, a autora questiona o quanto de controle temos sobre nossas próprias vidas, que não deixa de ser uma pergunta altamente relevante nos dias de hoje.
Os laureados
Ter o mais recente Nobel no catálogo é o sonho de qualquer editor. Nos orgulhamos de cada laureado que editamos: Yasunari Kawabata, o recém-chegado Kenzaburo Oe, André Gide, Heinrich Boll, Elias Canetti e, premiado em 2019, Peter Handke.
Deste último, lançaremos A segunda espada: uma história de maio no próximo dia 10. Um romance handkeano por excelência, cuja forma e cujo conteúdo fogem às convenções e vão para fora dos padrões. Lançado originalmente pouco tempo após o autor ganhar o prêmio, é a antinarração de uma vingança, por assim dizer.Estamos na torcida pelos autores da casa que figuram entre os concorrentes. E como o prêmio tem sido notoriamente imprevisível, pode ser que nenhum dos mais cotados seja anunciado como vencedor na próxima quinta-feira, o que permite não descartar nomes como Yoko Ogawa, para nós, e de acordo com sua literatura de alto nível, mais do que merecedora.