A saga dos intelectuais franceses, v. 2: O futuro em migalhas (1968-1989), de François Dosse (Tradução de Leila de Aguiar Costa)
Ninguém estava mais bem equipado do que François Dosse para
enfrentar este desafio: narrar de forma panorâmica e sistemática a aventura
histórica e criativa dos intelectuais franceses, da Libertação e do fim da
Segunda Guerra Mundial ao bicentenário da Revolução Francesa e à queda do muro
de Berlim.
A sua História do estruturalismo em dois volumes, a sua
atenção à marcha das ideias e as suas numerosas biografias — de Michel de
Certeau, Paul Ricœur, Pierre Nora, Cornelius Castoriadis — vêm lhe propiciando,
há cerca de trinta anos, um conhecimento tão próximo da vida intelectual da
segunda metade do século XX que lhe permite coroar a sua obra com uma
empreitada dessa envergadura.
O primeiro volume da Saga, lançado em 2021 pela Estação
Liberdade e que abarca os anos de 1944 a 1968, cobre os anos de Camus, Sartre e
Beauvoir e suas controvérsias, as relações contrastantes com o comunismo, o
choque de 1956, a Guerra da Argélia, a consolidação do terceiro-mundismo, a
irrupção do momento gaulliano e a sua contestação: é um período dominado pelo
teste da história, a influência do comunismo e a progressiva desilusão subsequente.
Este segundo volume, 1968-1989, vai das utopias esquerdistas
e do combate contra o totalirismo à “nova filososfia”, ao advento de uma
consciência emancipadora e ecológica e à desorientação da década de 1980: um
tempo marcado por um futuro despedaçado e que vê se instalar a hegemonia das
ciências humanas.
Eis apenas alguns dos pontos de referência desta saga que
engloba um dos períodos mais efervescentes e criativos da intelligentsia
francesa, de Sarte a Lévi-Strauss e Foucault e de Lacan a Barthes e Derrida.O tema já suscitou uma vasta bibliografia, mas um afresco de
tal amplitude destina-se a fazer época.
François Dosse, nascido em 1950 em Paris, é historiador e
epistemólogo, especializado em história intelectual. Estudou história e
sociologia na Universidade de Vincennes — Paris VIII, tendo desenvolvido seu
doutorado na área de teoria da história e historiografia, com foco na Escola
das Annales. Integra o quadro docente do Instituto de Estudos Políticos de
Paris desde 1994, é professor de história contemporânea na Universidade de
Paris-Est Créteil – Paris VII e, desde 1998, pesquisador associado do Instituto
de História do Tempo Presente (IHTP – Paris VIII). Também é um dos fundadores
da revista EspacesTemps. A saga dos intelectuais franceses 1944-1989 (publicada em dois volumes) rendeu-lhe em 2019 o Prêmio Eugène-Colas, concedido
pela Academia Francesa.