Kenzaburo Oe nasceu em 1935, em Ose, vilarejo das florestas de Shikoku, a menor das quatro principais ilhas do Japão. Oe tinha seis anos quando estourou a Segunda Guerra Mundial, durante a qual seu pai morreria. Uma de suas avós era contadora de histórias e carregava assim os mitos e as tradições do clã Oe, impactando o jovem Kenzaburo. Aos dezoito anos, pegou pela primeira vez o trem até a capital do país e, um ano depois, estudava literatura francesa na Universidade de Tóquio. Através da influência do realismo grotesco de Rabelais, passou a reinterpretar a história de seu povoado e a sua própria. Começou a escrever em 1957. Compôs um poderoso ensaio sobre o bombardeio atômico de Hiroshima e o terrível legado da catástrofe, além de uma extensa lista de ficção que se utiliza bastante do Japão pós-guerra para retratar uma geração marcada por tanta tragédia. A vida e a carreira literária de Oe entraram em crise com o nascimento de seu primeiro filho, Hikari, portador de uma deformidade craniana que lhe resultou em comprometimento cognitivo. Apesar disso e mesmo por causa disso, Oe adquiriu novo fôlego e nova perspectiva sobre a vida e a escrita, em que Hikari tomaria uma posição central. No Brasil, já foram publicadas as obras Uma questão pessoal (2003), Jovens de um tempo novo, despertai (2006), 14 contos de Kenzaburo Oe (2011) e Morte na água (2021), A substituição ou As regras do Tagame (2022) e, recém-lançado pela Estação Liberdade, Adeus, meu livro! (2023). Recebeu os mais importantes prêmios literários do Japão, incluindo o Akutagawa, o Tanizaki e o Yomiuri; em 1994 foi premiado com o Nobel de Literatura. Kenzaburo Oe faleceu aos 88 anos no dia 3 de março de 2023. |