ESFERAS I - BOLHAS 


Peter Sloterdijk empreende nos três volumes de sua monumental obra Esferas nada menos do que a tentativa de narrar a história da humanidade. Para tanto, começa pelas perguntas mais simples: onde vivem de fato as pessoas a partir do momento que lhes fica claro que estão em casa numa esfera, num globo? Para abordar uma resposta a essa pergunta, Sloterdijk desenvolve o conceito das esferas e cobre um leque fascinante e repleto de perspectivas abrangendo desde as culturas mais primitivas até a nossa época globalizada.

Foi Heidegger quem certa vez trouxe à tona a pergunta: “Onde estamos quando dizemos que estamos no mundo?” Neste Bolhas, primeiro volume da série, Sloterdijk oferece sua minuciosa investigação filosófico-existencial sobre o homem e sua relação com seus semelhantes e o entorno, a partir da noção de “espaços íntimos”, que seriam como “bolhas”. Constatemos que, já na concepção, o feto se desenvolve numa primeira bolha que é o útero materno. Do ponto de vista macropolítico, o homem é fadado a viver sob a égide de uma nação, um Estado – metáfora de uma eterna busca pela caverna protetora de tempos imemoriais. É essa perspectiva de partir da bolha pessoal para uma visão abrangente e generalista da existência o cerne da obra.

Sloterdijk nos faz observar que, desde o nascimento, os mesmos rituais de aproximação e distanciamento passam a se repetir no destino das pessoas. A dualidade mãe-filho seria a primeira das criações relacionais, a fonte primordial da noção de solidariedade que instigará no rebento o instinto de sobrevivência. Dentro do processo de crescimento, a criança passa a ter de abandonar suas bolhas de segurança, seus espaços cômodos de conforto em busca de autonomia; uma jornada complexa na medida em que, ao ter de abandonar a esfera que lhe é íntima, sempre haverá outra esfera, desconhecida, quiçá hostil, a aguardá-lo. (Sobre)vivemos portanto em esferas, em bolhas, em incubadoras, onde o homem se desenvolve, se protege e se relaciona com outrem.

Combinando uma vertiginosa erudição a uma escrita refinadamente literária, o também autor de Crítica da razão cínica propõe aqui um novo tipo de fenomenologia e ontogênese dos espaços humanos, recorrendo a referências na mitologia, na psicologia, na filosofia e na literatura, entre outras áreas do conhecimento. Percorre autores que vão de Platão e Sócrates aos modernos Guattari, Deleuze, Lacan e Badiou, com uma forte recaída em Nietzsche, Freud e o onipresente Heidegger.   


LEIA UM TRECHO DA OBRA

                                                                                                 


PETER SLOTERDIJK

PETER SLOTERDIJK nasceu em Karlsruhe em 1947. Estudou filosofia, história e germanística em Munique e Hamburgo de 1968 a 1974. Viveu na Índia em 1979-80, estadia que lhe despertou forte interesse pelas sabedorias do Oriente. Lecionou em Frankfurt e Viena, antes de ser nomeado professor de filosofia e estética na Escola Superior de Artes Aplicadas de Karlsruhe, da qual é reitor desde 2001. Entre suas obras mais recentes estão Im Weltinnenraum des Kapitals [No Mundo Interior do Capital], 2005, e Du musst dein Leben ändern [Você Precisa Mudar Sua Vida], 2009.



Livro
Tradutor José Oscar de Almeida
Formato 23x16x2 cm
Páginas 576
ISBN 978-85-7448-274-3

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