Em sua obra A saga dos intelectuais franceses 1944-1989 o pesquisador François Dosse oferece um ar fresco altamente documentado de quarenta e cinco anos de batalhas lideradas pelos intelectuais franceses, da Libertação à abertura do Muro de Berlim.
O projeto empreendido por François Dosse em A saga dos intelectuais franceses 1944-1989 nos traz uma historiografia comentada da intelligentsia francesa na segunda metade do século XX, face aos acontecimentos do pós-Segunda Guerra Mundial aos eventos de 1989. A obra é mais do que uma "história" reconstruída por meio das principais figuras da época, e sim uma "narração" em que não se excluem mitologias sociais, sonhos e esperanças dos protagonistas, ilusões, decepções e proclamações. A obra aborda a evolução das ideias que dominaram cada momento, da história intelectual da França e, em grande parte, da Europa e do mundo .
Ninguém estava mais bem equipado do que François Dosse para enfrentar este desafio: narrar de forma panorâmica e sistemática a aventura histórica e criativa dos intelectuais franceses, que vai da Libertação e do fim da Segunda Guerra Mundial ao bicentenário da Revolução Francesa e à defenestração do Muro de Berlim.
A sua História do estruturalismo em dois volumes, a sua atenção à marcha das ideias e as suas numerosas biografias de Michel de Certeau, Paul Ricoeur, Pierre Nora e Cornelius Castoriadis vêm lhe propiciando, há cerca de trinta anos, um conhecimento tão próximo da vida intelectual da segunda metade do século XX que lhe permite coroar a sua obra com uma empreitada dessa envergadura.
Este primeiro volume, a prova da história (1944-1968), abarca os anos de Camus, Sartre e Beauvoir e as suas controvérsias, as relações contrastantes com o comunismo, o choque de 1956, as revoluções chinesa e cubana, a Guerra da Argélia, a consolidação do terceiro-mundismo, a irrupção do momento gaulliano e a sua contestação: é um período dominado pelo teste da história, a influência do movimento comunista e a progressiva desilusão subsequente.
O segundo volume, 1968-1989, vai das utopias esquerdistas e do combate contra o totalitarismo, à "nova filosofia", ao advento de uma consciência emancipadora e ecológica e à desorientação da década de 1980: um tempo marcado pela crise do futuro e que vê se instalar a hegemonia das ciências humanas.
Eis apenas alguns dos pontos de referência desta saga que engloba um dos períodos mais efervescentes e criativos do establischment intelectual francês, de Sartre a Lévi-Strauss e Foucault e de Lacan a Barthes e Derrida. O tema já suscitou uma vasta bibliografia, mas um afresco de tal amplitude destina-se a fazer época.